terça-feira, 28 de julho de 2009

A VIDA E O TEMPO


Que estranhos caminhos percorremos nesta vida!


Vivemos como se a vida fosse eterna.Quando na realidade ela é tão efêmera. Aprendemos, desde muito cedo que: “Teríamos uma vida pela frente”.


Que deveríamos trabalhar muito, estudarmos ainda mais , termos os nossos filhos. Lutarmos, sem tréguas, se desejássemos vencer e sermos felizes.


Sonhamos tanto e almejamos, outro tanto... E depois de muitos tropeços e desilusões, acabamos conseguindo tão pouco, quase nada, e, então percebemos que já está na hora da gente partir...
Parece que a nossa história, já estava escrita.


Que embora quiséssemos muito, a vida nem é eterna, nem foi como pensávamos, que seria.Que muito ou pouco, tanto faz, como faria.


Entretanto...Será que valeu a pena: ter trabalhado tanto; ter discutido tanto; ter lido tantos livros; ter perdido tantas noites de sono, ter ficado tão preocupado; ter brigado tanto; ter engolido tantos sapos; ter esquentado tanto com as pessoas e com a própria vida? São tantos os…“tantos”


Até bem pouco tempo, éramos crianças inocentes e adorávamos brincar; depois vieram os namoros de adolescência e, num piscar de olhos: ficamos adultos, envoltos em trabalhos, mazelas e paixões.
E de repente, a difícil realidade...estamos velhos.


Meu Deus, como o tempo passou tão rápido...
Ontem: crianças. Hoje: velhos.
Mas na verdade... Não foi o tempo.
Fomos nós que passamos pela vida, como as
águas dos rios, sem nada perceber, inebriados
na contemplação do porvir.


Aqui na solidão do meu quarto, fico indagando e tentando entender, sem pressa nenhuma, o que parece ser um jogo inexplicável. Será que a Natureza ardilosamente sempre nos enganou? Será que somos meros joguetes ,em suas mãos, vitimas das nossas ilusões e das necessidades dela,mãe Natureza?


Alguém dirá: “Temos os nossos filhos; os nossos bens, as nossas crenças e os nossos deuses”. Puro engano.


Os filhos são sementes, lançadas ao mundo; os bens são transferíveis, daqui pra lá. Nada, absolutamente nada nos pertence, Até os nossos deuses são inventados por nós.


Vivemos num mundo de mentiras e enganos.


Somos enganados e nos enganamos diariamente.


Até os nossos neurônios, hormônios e humores contribuem para o grande engodo.


Os momentos felizes são raros, e precisamos buscá-los;


os de tristezas, vêm naturalmente ao nosso encontro.


As cartas estão devidamente marcadas.Não há mistérios.


As vitórias são aparentes. Perdemos a todo instante.


Parece mesmo que a nossa história, já estava escrita.


Embora quiséssemos um novo rumo,a vida nunca foi como sonhamos, que seria.Que muito ou pouco, tanto faz, como faria.


Não há nada que se possa fazer. Temos apenas que continuar,continuar vivendo a nossa doce e amarga ilusão.



Porque a única coisa que verdadeiramente temos é a vida O resto é um utópico eterno retorno.



Texto:Nelson Barh