quarta-feira, 29 de julho de 2009

ESTAMOS SOZINHOS...


Há por toda parte um sentimento de profunda apreensão.Vivemos, atualmente, com os olhos voltados para o insondável e misterioso futuro. Receosos de tudo que nos possa acontecer e aos nossos filhos  e amigos.
Seguimos uma fastidiosa rotina.. Não alçamos grandes voos. Preferimos,antes, ficar trancafiados em nossas casas, a perambular por ruas escuras. Precisamos do silêncio profundo das igrejas vazias, para encontrar um pouco da nossa paz perdida.
Não há nada que nos deixe mais apreensivos do que o fato de não sabermos quando nossos familiares regressarão aos nossos lares.
Não conhecemos os seus caminhos... e deploramos a simples idéia de que algo de ruim possa lhes acontecer.
Serão vitimas de acidentes,de marginais, de policiais? Terão algum acidente ou enfermidades??
Ficamos atormentados, pensando em como podemos ampará-los.Gostaríamos de colocá-los numa redomas de vidro para poder monitorá-los e protegê-los à nossa vontade.
Fazemos de tudo: súplicas, orações, promessas, oferendas, rituais; acendemos velas e, Deus sabe lá, o que mais!
Às vezes, quando estamos dormindo, somos atormentados, por terríveis  pesadelos. Acordamos espantados, ofegantes, banhados de suor.
E, na escuridão dos nossos quartos, oramos baixinho, buscando a divina proteção:”Senhor, livrai-nos do mal, das enfermidades,das violências,das tristezas, olhai por todos nós....”.
Não queremos, nem imaginar, que possa acontecer algo trágico em nossas vidas. Não importa que elas aconteçam em outros lugares.Mas...conosco.. jamais!
Nossos anjos sempre nos protegerão. Queremos somente as coisas boas da vida.
Não percebemos que tudo tem dois lados e, uma hora, vamos ter que provar tanto o doce, quanto o amargo da vida.
Como podemos imaginar que as forças negativas não nos alcançarão?Quando diante de todos nós  os nossos irmãos e amigos, são atingidos, implacavelmente, pelo mal..
Não importa, nem as nossas orações, nem os nossos queixumes. Não são as nossas religiões, nem os nossos desvelos que evitarão os acontecimentos. Estamos sujeitos a tudo. Não há como escapar deles.
Tanto o bem, quanto o mal, chegará até nós, e não há como evitá-los. Ambos fazem parte da vida. ou seja, de nada valem: orações, velas, benzeduras, amuletos e quaisquer outras crendices.
Portanto, vivamos a vida da melhor maneira possível Procuremos encarar, com grande resignação, os infortúnios que virão. Admitamos as nossas impotências. Mantendo sempre a dignidade, o equilíbrio e a racionalidade.
Preparem-se.E deixem a vida acontecer.
Nós somos os nossos anjos e estamos cercados
de anjos e demônios, como nós.
Texto: Nelson Barh