segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Quem sou eu?



Sou eu que te faço viajar pelo tempo, voar através das nuvens, sem sair do lugar; atravessar por sobre pontes, cidades, riachos, montanhas, florestas e mares profundos.
Sou eu que provoco o teu triste choro, teus ódios e risos, teus sombrios medos, as tuas revoltas, angústias e, num passe de pura magia, o seu infinito amor, tua esperança no amanhã, teu sentido de justiça e tua eterna devoção de fiel amigo(a).
Mostro a ti um lindo jardim florido e a mais tenebrosa e assustadora escuridão.Dissipo os teus receios. E, novamente, oferto a ti o inferno avassalador, para logo, em seguida, transporta-lo ao tão sonhado paraíso.
Faço você sofrer, acreditar, clamar por justiça, torcer, se alegrar, se identificar, se desesperar, odiar...e voltar a amar.
Promovo a discórdia, a cobiça, a inveja, a traição, o erro e o doentio ciúme.Afugento a solidão, a depressão; desperto a ternura, a curiosidade e a profunda bondade. no teu ansioso coração.Tramo, ardilosamente, sem cessar.
Sou espelho vivo de toda sociedade, sou cruel, sou justo e injusto. Sou teu guia, teu sonho dourado, teu pior pesadelo.Sou paixão, diversão, consolo e, às vezes, ingratidão.
Crio, engano, mato e faço renascer. Sou criticado, amado e odiado. Sou, num curto espaço de tempo, o Bem e o Mal, num único ser.Sou visceral, profano e sagrado. Ora, sou bom, ora, sou mau.Ora, aparento nada saber.
Faço o tempo regredir e, numa fração de segundos, consigo avançar longos anos. Faço o velho tornar-se jovem e o jovem mergulhar na decrépita e macilenta velhice.
Dou asas à tua imaginação, tenho um relativo poder, e com ele, posso tudo fazer. Eu sou dezenas e muitos mais, eu sou. Sou juiz: acuso, delato, julgo, condeno e absolvo.Sou médico: amparo, curo e desengano.Sou sacerdote: rezo, uno, abençôo e amaldiçôo.
Sou assaz engenhoso, reinvento vilões e heróis, os temíveis bandidos e os destemidos mocinhos.Sou arquiteto e historiador, projeto cidades-fantasmas e fatos inverossímeis, que parecem ser tão reais... Narro mesquinharias e magnificências.
Às vezes, sou incoerente, feroz, despudorado, maledicente.Outras vezes, amável, prudente, lento, consequente, clemente.
Dir-te-ei, ainda, que utilizo nas minhas orações como elementos: a vingança, a fragilidade, a insensatez, o indecente egoísmo; mas também o mais puro amor, o arrependimento sincero, a inocência primaveril e o sempre bendito e justo perdão.
Uso a minha criação e apelo sempre para tua fértil imaginação.E assim, confundo a tua realidade, espanto o teu cotidiano, recriando muitos sonhos e vãs fantasias.
Vocês, por certo, já sabem quem sou...Não, não, meus amigos!
Eu não sou Deus, nem tampouco o Diabo. Embora, às vezes, até eu mesmo acredite que seja ambos...mas enfim..na verdade, nada sou!.
Sou apenas um mísero escritor.
Fim
Texto: Nelson Barh

sábado, 12 de dezembro de 2009

Por um punhado de dinheiro


Somos enganados a todo instante. Por políticos, meios de comunicação, entidades filantrópicas, religiosos e outros aproveitadores.
Políticos desviam toneladas de dinheiro público para o seu bem-estar, dos seus familiares e correligionários. Objetivo: enriquecimento fácil e total impunidade. Portanto precisam de muitas malas cheias do apetitoso dinheiro.
Religiosos arrecadam imensas fortunas, através dos incautos
fiéis, em nome de grandes sonhos e esperanças vãs.
Utilizam os mais diversos estratagemas, objetivando ganhar sacolas do tão aclamado dinheiro.
Artistas usam seus nomes para impingir qualquer produto ao consumidor e ainda colocam na “telinha” rentável, seus filhos, netos e bisnetos. Objetivo: fama, segurança e dinheiro fácil.
Talento? Muitos deles nem sabem o que é isso!
Muitos jornalistas fazem o jogo dos partidos políticos e de seus superiores hierárquicos. Manipulam o povo aos seus bel-prazeres. Motivo: manter o emprego e conseguir o tão cobiçado e malfadado dinheiro.
Alguns policiais usam de truculência e autoritarismo contra os pobres e indulgência com os afortunados. Motivo: por um punhado da tão almejada grana.
A Justiça se mostra capenga, morosa e ineficaz. A polícia prende, a Justiça solta. Motivo: quase sempre um amontoado de dinheiro.
Em nome da tão decantada democracia se gasta milhões,
Enquanto o povo sofrido passa fome e não tem nem o básico para sobreviver. Milhões de pessoas vivem sem educação, saúde ou sequer emprego e, outros ainda, vivem em meio ao lixo, enchentes e desmoronamentos.
Alguns fanáticos torcedores e fãs se digladiam por causa de uma corja de mercenários. Ser eleitor e votar passou a ser sinônimo de ingenuidade, de ser “trouxa”.
O povo é enganado nas eleições, nas propagandas e, até mesmo, numa competição esportiva, por árbitros, comentaristas e anunciantes. Todos buscam preservar seus altos salários, ou seja: correr em busca de muitos punhados do precioso dinheiro.
A verdade passou a ser um insignificante detalhe. Caráter: uma fastidiosa fábula. O que conta e tem valor é o insigne dinheiro.
Não importa os meios, todos buscam o vil metal. A picaretagem está à solta.
Cada um defende seu quinhão. E quando as pessoas do povo se manifestam em busca de justiça, são tachadas pelos reais bandidos, que às vezes também são formadores de opinião, de autênticos bandidos.
Claro que nesse lamaçal há exceções, não se pode generalizar e nem todos têm tamanha avidez. Todavia as exceções estão cada vez menores. Proliferam os famigerados e gananciosos abutres.
E o mundo todo está cada vez mais mergulhado na mais profunda e sórdida podridão.
Diga um basta a essa cambada de aproveitadores!!!
Autor: Nelson Barh