N
Terra viva, geradora de vidas, que me viu nascer.
Ao teu solo regressarei um dia,
não sei quando, e deixarei em teus braços quentes, meu corpo frio e doente.
Todas as minhas lembranças,
crenças, esperanças, alegrias, queixas e cicatrizes, eu levarei comigo rumo à
conhecida e derradeira morada.
Terra rica de excelências! Em
teu solo ando sem rumo, sentindo dores, angústias e buscando, feito louco, a
razão da minha sombria existência.
Mãe Natureza, criadora de
infinitos seres e devoradora implacável de tantas vidas,
vou revelar agora o teu
segredo!
Conheço as tuas trilhas e os
teus inúmeros disfarces e sei que, por toda parte, lanças as tuas diferentes
armadilhas de sedução e morte.
Ah, Mãe Natureza responda-me
sem titubear:
Por que abates os teus filhos?
Será que é para que tu possas
de novo renascer?
Terra abençoada, exaltada em
versos e prosa! Mas berço de tantas injustiças sociais!
Terra de contrastes intensos.
De animais belos e feios, grandes e pequenos; traiçoeiros e leais. Mas, acredite,
nenhum deles é pior que os perversos seres humanos!
Natureza faminta e alucinante
que abriga, em teu ventre, seus fiéis guerreiros sanguinários!
São eles humanos carniceiros,
são teus súditos leais, possuem tua triste sina de matar gente inocente e
outros indefesos animais!
Terra generosa, do teu solo
brota a água preciosa, a vegetação abundante e os ricos minerais; mas também
aqui nascem vulcões, escorpiões, homens hostis, serpentes e outros ferozes
animais.
Terra de liberdades aparentes e
medos constantes!
Terra injusta, de muitos sonhos
desfeitos, onde pairam tantos sofrimentos e infinitos clamores no peito.
Terra dos grandes imperadores ,
descobridora de outras terras e de outros mares e autora de tantas guerras, mazelas e
dissabores!
Nesta Terra misteriosa, cheia
de encantos, contrastes e magia; eu, partícula ínfima de terra, avisto todos os
teus recantos; percorro teus vastos desertos, agora já com passos incertos,
feito uma ave ferida, sem energia… preste a ser abatida.
Terra esplêndida!
Natureza exuberante!
Terra selvagem!
Natureza Magnífica!
Terra fascinante!
Natureza mortal!
Terra criadora, natureza
predadora!
Terra, qual será o teu futuro?
Ficarás inerte, diante da iminente morte, vagando deserta pelo universo frio...vítima dos seus próprios filhos insanos?
Vamos conter os nossos brutos
instintos e preservar a vida!
“A Natureza cria, destrói e se
renova e, todos nós, que somos parcela integrante dela, agimos do mesmo modo. A
vida provém da morte e a renovação da semeadura”. Nelson Barh